terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Entrevista com Iggy Pop para Paco Rabanne Black XS L'Excès


Iggy Pop é a estrela de um meio onde ainda não tinha entrado: a beleza. Jonas Ackerlund foi o realizador responsável pela criação da campanha do novo perfume Paco Rabanne Black XS L'Excès. Aqui fica a conversa que os dois tiveram.

O que é uma atitude de Rock Star?
Sabes, é complexo. As pessoas pensam, “oh, atitude Rock'n'Roll, pois!” Um elefante a tropeçar na sociedade, mas não é assim. É um pouco de sinceridade, um pouco de ausência de medo, muita criancice e um bocado de delinquência. E depois muito disso é a luz que brilha numa pessoa quando consegues captar a atenção das outras pessoas.

Quem é que consideras uma rockstar hoje?
Os MGMT têm uma atitude. A música não é brutal, mas tem muita coisa que chega a ti emocionalmente. E eu acho difícil de levar com isso. Alguém com uma boa técnica e atitude rock deve ser capaz de fazer música que é um pouco perturbadora para quem a ouve, mesmo parea quem acha que não está a ser perturbado.

O rock é diferente agora? Se sim, de que forma?
O novo pessoal do rock, a sociedade, a grande sociedade tornaram-se mais conscientes do rock, e criarão a estrela rock de que precisarem, não a estrela de rock que as pessoas querem.



Podes nomear uma mulher rockstar com atitude rockstar?
Eu gosto da Peaches. Sempre a admirei. Tem uma grande apresentação e grandes tomates.

O estilo é parte da atitude?
O look, um visual, qualquer espécie de visual, sim. Não é preciso ser giro, mas de alguma forma, as pessoas têm que sentir que és.

Qual é a tua definição de excesso?
O princípio do excesso é uma acção ou comportamento que conduz à decadência. Como a morte, de certa forma. Sim, morte.

Qual é o teu excesso do momento?
Eu fui muito, muito excessivo de ambas as maneiras. Na maneira que sacode as pessoas e na maneira como fui muito, muito longe eu próprio. Agora penso muito, o tempo todo, numa simples coisa: com o que é que ainda me consigo safar? Isto demonstra que ainda penso nisso.

E controlas isso?
Desejo controlar. ocorre-me que se eu desistisse e passasse a ser aquilo a que as pessoas chamam de boa pessoa, a vida seria mais simples. Mas não quero.


Qual seria o excesso ao qual nunca cedeste?
Os dois grandes seriam o amor romântico e... a ganância financeira é uma tentação constante. Mas essa enerva-me muito. É fatal quando se faz o que eu faço para ganhar a vida

Alguma vez destruiste um quarto de hotel?
Sim, mas no meu caso, nunca tive a consciência disso. E já destruí muitas casas. Boas casas. Pois, sabes como sou... Por isso, sim, acontece.

Qual é a tua técnica de stage diving?
É bom senti-lo. Quando queres mergulhar, é bom sentir que queres. Que queres ser o que quer que seja que ambicionas. A primeira vez que o fiz, apenas fiquei para ali, rígido, parado, como as criancinhas fazem, e deixei-me cair. Como quando tens cinco anos e procuras a atenção doa teus pais. Sabes, tentas aquilo uma vez para ver se alguém vai tentar apanhar-te. Ninguém me tentou agarrar. Por isso parti um dente e sangrei do lábio dessa vez. Mas a maior parte das vezes, se for bem feito no momento certo, sentes um crescendo até ao fim da sala. Mas eu costumava fazê-lo por vezes com uma caneta no bolso de trás e quando descia perguntava: «Qual é o teu número de telefone» e então escrevia-o na minha mão ou whatever.

Como é que te juntaste ao projecto Black XS L”Excès?
Foi através de uma telefonema teu, basicamente. E adorei a ideia de fazer as vozes. E adoro a ideia do perfume. Sempre quis estar associado a uma fragrância “hard”.

O que te atraiu neste projecto?
A música é boa. A coisa toda é - mesmo rock.

Sê bom, sê educado, sê generoso, sê calmo... Qual é o “sê” que mais odeias nos ditados de hoje?
Acho que “sê responsável”. Sim, sabes, quer dizer, eu sou de certa maneira na minha vida privada. Assim que se vai para o social - odeio socialmente - Causam-me repulsa os entertainers socialmente responsáveis.

A tua palavra preferida?
Fuck.

A palavra que mais odeias?
Dinheiro.

O que te excita?
A perfeição, uma boa voz.

O som que mais ama?
A trompa de Miles Davis.

O ruído que mais odeia?
Pessoas engravatadas a falar.

O teu palavrão preferido?
Piece of shit.

O trabalho que terias tido se não fosses uma rockstar?
Provavelmente uma espécie de político falhado. Obviamente algum tipo de político maluco lixado por algum escândalo. Advogado, talvez. Gostava de defender gangsters, pessoas más.


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